terça-feira, 15 de março de 2011

Tem muuuuuuiiiiiiiiiiitttttttttttttaaaaaaaaaaaaa coisa a ser feita!

Ha muito a ser feito na face desta terra tanto na visão do espirualismo(dogmatismos da religiosidade chamada cristandade) quanto na praticidade do mundo material e mundano. As construções pessoais e interpessoais para se alcançar este nirvana se tem na vontade de entender um ao outro e nunca o contrario disto como por exemplo acontece na maioria das vezes em todo e qualquer conglomerado de pessoas. Sentimentos baixos são valorizados e os bons sentimentos se tornam uma utopia quase que irreal daquilo que infelizmente era para ser uma coisa rotineira e corriqueira. Muitas palavras poderia ser dita mas o essencial ja foi falado!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Crônica de Luiz Fernando Veríssimo sobre o "BBB"

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima terceira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE..

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas. Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade. Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados. Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia. Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns). Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!) Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins..., telefonar para um amigo.., visitar os avós. ,pescar. , brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

domingo, 7 de novembro de 2010

HAST DU

Olha so como são as coisas quando eu era pequeno eu vivia uma pressão horrível, não tinha ninguém para me elogiar em casa e fora de casa as pessoas me viam como uma coisa e assim cresci no mundo. Preparei o meu espírito para ser sempre imparcial comigo mesmo e não dar ouvidos ao que as pessoas me falavam de ruim ou terrível que magoasse diante de tanto horrores que eu tinha que viver e conviver no dia a dia de criança.
Agora estou grande, sou homem mas com feridas que afetam diretamente o meu dia a dia sem muito tempo para poder solucionar estou cada vez mais perdido no muro que eu mesmo criei para que eu podesse ser dito normal. Ser normal com uma cicatriz que toda vez que eu vejo eu perco o meu mundo, o meu norte e tudo que eu acredito (que sinceramente na maioria das vezes não passa de palavras vazias que não representa a realidade).
Infelizmente tenho que dar um passo atrás do outro para não parar com o pequeno progresso que fiz no meu cotidiano mesmo que muito pequeno ainda tenho que manter este nível para o futuro ser melhor e o que sei que agora tenho vontade de desistir de tudo mas como fazer isto, sabendo que não vai adiantar as minhas feridas incomodam não somente a mim como a outros também e isto me machuca ainda mais apesar de tentar não transparecer mas quando se convive com outras pessoas as suas dores, angustias ficam claras para pessoas que tem uma alma transparente como eu sou mesmo envolto de tanta coisa que carrego o meu espírito para fugir desta angustia que nestes dias parecem ser duradouros.
Sei que tenho que mudar e para mudar tenho que ser mais forte do que isto e mesmo sabendo que tenho esta força mas a dor que terei que sentir me faz repensar em enfrentar este monstro que tenho que enfrentar e levar ou deixar este fardo que em impede de ser mais leve, mais tranquilo. Minha dor começa na infância e ate hoje carrego, desde criança convivi com pessoas que tinha uma perspectiva negativa da vida e hoje no ambiente que eu vivo sinto que tenho que fugir disto, mas fugir de minha casa ou dar um passo para um caminho diferente mesmo que isto me dilacere e abale todas as certezas que eu tenho das mascaras que tive que criar para aparecer neste mundo que por mais que tente nunca vai estar contente com o que eu faça.
Queria apenas desabafar mas somente isto não me serve!!!!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

AINDA NÃO SEI...

Quando comecei a perceber como são as relações neste mundo decidir ser uma pessoa que não se arrepende do que faz. Tentei levar uma dose de inocência para esta nova etapa da minha vida, mas quanto mais inocente parecer mais culpado você se torna neste caso adeus a algo que sempre trouxe na minha personalidade. Um período de contraste entre o mundo infantil e adulto, fiquei vegetando durante um tempo e por isto tive que ser objetivo ao retornar as atividades que tinha deixado de lado durante este período.

Mas agora já tenho quase tudo pronto para seguir do ponto onde tinha parado, mas algumas incertezas ainda insistem em permanecer em minha mente e alguns vícios e manias; nada que afete a praticidade do meu trabalho ou do desenvolvimento da minha vida social. No entanto apesar de tanta incerteza alguma clarezas de ações e percepções me facilitaram o meu jeito de como lidar com esta nova realidade e perceber que algumas vezes as minhas manias e vícios me impede de alcançar um outro nível de relacionamento principalmente com as pessoas mais próximas.

Os meus gostos distintos, aguçados, excêntricos me divergem de uma grande maioria e isto me preocupa, pois as pessoas do meu convívio ainda agem como pessoas que estão muito abaixo de sua real capacidade e isto para elas esta ótimo. Por sempre ter um sonho maior que a realidade de todos isto nunca me deixou contentar com a minha realidade.

Mas e quanto a aqueles que estão átras de algo tem que sempre deixar algo ou alguém para trás e seguir em frente? Muitas pessoas que se afastaram para ter algo melhor ou uma vida melhor não tiveram o mesmo relacionamento depois ao construir outras relações. Este preço a se pagar por ser alguém que tem sonhos ditos impossíveis e as fazem possíveis?

Se for, então que seja não quero me sentir inferior em relação a mim mesmo e muito menos com os outros por isto que me desculpem as feias e barangas eu quero o melhor desta terra, me desculpem as pessoas que são inferiores eu sou melhor que vocês, me desculpem todos e todas que eu quero mais desta vida!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

PARA QUE TANTOS RELÓGIOS SE O TEMPO NOS ESCAPA?

Na casa da infância do meu pai havia um relógio de parede. Era precioso e ainda hoje persiste, enquanto a casa vai virando natureza no meio do mato. Meu pai e sua família viviam na zona rural de Ijuí, no interior do Rio Grande do Sul, num povoado de colonização italiana chamado Picada Conceição. Lá meu avô plantava e socava erva-mate, numa lida cotidiana que envolvia os filhos homens. Minha avó e as filhas ocupavam-se com a polenta, as cucas e a sopa, as galinhas, as roupas, a casa. O relógio de parede marcava o tempo da vida, solene sobre a mesa das refeições de domingo. Cabia aos mais velhos dar corda no relógio. Mas às vezes alguém esquecia e o tempo escapava. Descobriam então a vida parada sobre suas cabeças.
E agora? Como saberiam as horas? Redescobriam o que fingiam não saber. O relógio era só o reconhecimento de algo que já estava lá de tantas maneiras. Era a máquina do tempo numa vida em que tudo que era vivo ao redor seguia seus próprios desígnios. Acordavam com o galo, seu relógio com coração, e seguiam o dia orientados pelo sol. Esqueciam-se de dar corda porque raramente o relógio era consultado. Gostavam de ouvi-lo tiquetaquear, apenas. Orgulhavam-se da engenhosidade de sua máquina. Eles que descendiam de mortos de fome do outro lado do mundo.
Depois de algumas semanas, o silêncio do relógio tornava-se incômodo. Sentiam uma vaga inquietação imiscuindo-se pelas paredes da casa, a desconfiança de que as máquinas não deveriam parar. Tampouco se arriscavam a deixá-lo assinalar horas erradas, desarranjando o funcionamento do mundo. Meu avô então designava um dos filhos mais velhos para buscar o tempo na cidade. E, claro, fazer algumas compras. A 13 quilômetros, a cidade ficava longe para quem só contava com suas duas pernas ou as quatro do cavalo, sempre requisitado para tarefas mais sérias. E nunca se ajeitava o cavalo ou se aprumava a aranha para uma missão solitária. Só iam até lá, onde se sentiam deslocados com suas roupas de roça, para se abastecer do pouco que não trocavam por ali mesmo ou não encontravam no bem abastecido bolicho do Tio Chico. E para se apossar do tempo.
Meu avô entregava a um dos filhos seu próprio relógio de bolso, sempre parado porque só era usado em casamentos e outras ocasiões solenes da vida pública dos homens. Preso a uma corrente encimada por uma moeda de prata com a efígie de Dom Pedro II, era das poucas riquezas materiais do meu avô, herdada dos que vieram antes. O encarregado guardava o relógio no próprio bolso, esforçando-se para não machucá-lo com os calos de uma mão feita na enxada, encilhava o cavalo e galopava até Ijuí. Lá, no centro da praça principal, dava as costas para a igreja católica e postava-se diante da evangélica – ambas de frente uma para a outra e em lados opostos. Era uma traição à sua fé, mas justificava-se. Era na torre dos evangélicos que se exibia um relógio onipresente. Seus ponteiros regiam as horas da cidade. É preciso compreender que naquele tempo relógios eram bens valiosos. E possuir o tempo era para poucos.
Com máxima dedicação, um dos meus tios dava corda no relógio de bolso e acertava os ponteiros. Conferia. Enfiava o tempo no bolso. E galopava de volta. Na infância do meu pai, o tempo chegava a cavalo. Meu avô acertava os ponteiros do relógio da parede e a máquina voltava a tiquetaquear sobre a família. A ordem se restabelecia.
Meu pai herdou este grande respeito pelo tempo. Cada um de seus três filhos ganhou um relógio ao completar 10 anos. Por alguma razão ele e minha mãe chegaram à conclusão de que esta era uma idade em que podíamos começar a nos responsabilizar pelo tempo, a carregá-lo no pulso. Era um presente muito esperado e a compra do relógio envolvia uma série de debates e incursões à relojoaria de confiança. Não só porque exigia um grande investimento financeiro para o padrão de nossas posses, mas porque embora os de pulso fabricados em escala tivessem mudado os hábitos, naquela época ainda nenhum relógio era qualquer. Lembro de ter ficado algumas noites sem dormir pensando qual era o melhor modelo porque, ainda que não compreendesse a dimensão filosófica da escolha, intuía a sua importância. Este relógio marcaria o tempo da minha vida inteira.
Percorro agora a linha do tempo da minha trajetória errática cercada por relógios. A começar pelo do computador onde escrevo. Tudo ao meu redor marca a passagem do tempo, do celular ao forno de micro-ondas. As horas estão por toda parte, mesmo que eu não as queira. O tempo e as máquinas do tempo converteram-se em mercadoria ordinária.
Nem lembro em que momento perdi meu primeiro relógio, o da vida inteira, nem sei quantos outros tive até decidir que não precisava carregar nenhum no pulso porque o tempo havia se banalizado ao meu redor. Desconfio que esta perda da solenidade dos relógios tenha relação com a perda da consciência do tempo na vida de todos nós. Tantas marcações por todos os lados e o tempo se esvai como se fosse barato como um relógio de camelô. Vendemos o tecido de nossas vidas por muito pouco porque confundimos tudo.
Meu avô sabia que tempo não era dinheiro. Nunca se iludiu a esse respeito. Ele, que acompanhava o ciclo da vida das plantas e dos bichos, que dependia da terra, das chuvas e das estações, sabia que o tempo é tudo o que há entre a vida e a morte. É a riqueza imaterial da vida de um homem, de uma mulher. Não tinha estudo para conhecer as moiras da mitologia, mas pressentia que a elas pertenciam os fios do seu destino.
É muito mais verdadeira do que alcançamos a frase que todos repetimos pelos nossos dias: “Não tenho tempo”. Mas não é corriqueira e muito menos é natural. É, na verdade, uma tragédia sem herói. Desconfie sempre do que parece um dado da natureza, algo da ordem imutável do mundo, do qual você não tem como escapar. Isto sim é ilusão criada e reproduzida. Só não conseguimos escapar da morte, mas podemos morrer em vida se entregamos nosso tempo. Talvez não exista nada mais importante do que pensar sobre o que você quer fazer com o tempo que é seu. Porque se não tem tempo para o que é importante para você, para as pessoas importantes para você, por alguma razão, em algum momento, você decidiu se desapossar de você. É preciso empreender este caminho sempre árduo de resistência e voltar a encarnar o próprio corpo.
Semanas atrás um jornalista gaúcho me perguntou se eu tinha me tornado “meio baiana”, agora que, na opinião dele, eu podia dispor do meu tempo. O preconceito era claro. E a provocação também. Respondi que a questão era de outra ordem. Gosto muito da Bahia e nunca vi ninguém trabalhar tanto quanto os nordestinos em São Paulo, se era a isso que ele se referia. Perguntei a ele, então, que se gabava de correr o dia inteiro (como alguém se orgulha disso?), o que tinha feito naquele dia. Do que ele se lembrava quando parava de correr, o que tinha sido importante naquelas 12 horas entre a manhã e a noite. Ele emudeceu, mudou de expressão várias vezes. Não sabia o que dizer. Tinha feito tanto e nada.
Acho que este é um bom exercício. Pelo menos para mim. Quero chegar ao final do dia e lembrar o que fiz sem esforço. E achar que vivi bem aquele dia. Que amei bem. Que trabalhei bem. Que estava lá.
Meu avô sabia que o tempo não pertencia ao relógio. O tempo não está fora, como somos levados a acreditar. Está dentro. Só nós podemos marcá-lo. É o que fazemos com nosso tempo que dá a medida da nossa vida.

Por:
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras na Revista Epoca.)